O tremor na economia global está em 2,2 pontos na escala Richter, avaliou ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, bem inferior aos "8,8 pontos das turbulências registradas em 2008". Ele disse que, embora a crise tenha se agravado nos últimos dias - especialmente com o rebaixamento da nota dos Estados Unidos pela agência de classificação de risco Standard&Poor"s, que ele considerou de "forçação de barra" e política -, o Brasil está mais preparado para enfrentá-la e fará isso com uma política fiscal austera e com ações para dar mais competitividade à indústria. - É claro que uma crise sempre é inesperada. Nos países avançados, por exemplo, ela nunca terminou, entrou numa fase crônica. Ela está algo como 2,2 na escala Richter. Em 2008, chegamos a 8,8. Espero que não vá adiante, mas, se for, armamento não (nos) falta - disse. O ministro prometeu fazer superávits primários elevados: - Eu prometo a vocês uma surpresa fiscal a cada mês. Nem adianta pedir aumento de salário. Não estaremos admitindo aumento de gastos de nenhuma natureza neste momento, isso nos distingue de outros países. Outra linha de ação será o fortalecimento da indústria nacional, pois a crise deve agravar a guerra cambial e a concorrência com importados. Segundo ele, se o dólar voltar a cair fortemente, o governo vai adotar mais medidas restritivas nas operações com derivativos. Se houver escassez de recursos, o crédito virá com reservas internacionais. "G-7 não está dando conta do recado", diz Mantega Para Mantega, a percepção do mercado de que o mundo caminha para uma recessão foi o que motivou a forte queda nas bolsas nos últimos dias. O ministro disse que o rebaixamento dos EUA foi uma "forçação de barra", pois o dólar continua sendo uma moeda sólida e os investidores migram para ele ao sair da bolsa. Ele destacou que os países do G-20 (grupo que inclui as principais economias emergentes) discutiram a instabilidade no fim de semana: - O G-7 (maiores economias do mundo) não está dando conta do recado. Por isso, é importante que o G-20 entre para ajudar a estancar a sangria nas bolsas. Se o quadro atual perdurar, pode haver perda de riquezas. Temos que afastar esse perigo. O diretor de política externa do Banco Central (BC), Luiz Pereira, afirmou que a instituição não trabalha com uma desaceleração brusca da economia mundial como cenário base, mas com uma desaceleração lenta. - Temos uma economia dinâmica, que está excessivamente bem preparada para enfrentar um leque bastante amplo de situação de mercado externo. O secretário de Política Econômica da Fazenda, Márcio Holland, não crê em alta do dólar: - Não há cenário de desvalorização acentuada do real. | |
Fonte: O Globo | |
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