Expansão do setor de petróleo chega às microempresas

16/09/2011 15h37m

A onda investimentos que atingiu o setor de petróleo e gás brasileiro está abrindo portas também para as micro, pequenas e médias empresas nacionais, especialmente nos dois últimos anos. A entrada das menores no segmento ocorre, por exemplo, via contratos para prestação de serviços — desde engenharia e automação industrial até fornecimento de válvulas, softwares de navegação e inspeção de dutos de óleo — junto à empresas petrolíferas domésticas e estrangeiras. “O objetivo maior é buscar a transferência de tecnologia, competitividade e uma cultura de internacionalização”, afirma Miriam Ferraz, responsável pelo Programa de Internacionalização da Cadeia Produtiva de Petróleo e Gás (ProInter), do Sebrae-RJ.

Criado em 2008, as rodadas de negócios envolvendo empresas âncoras, como Petrobras, Chevron, Shell e Repsol, aumentaram a quantidade de MPMEs participantes de 30 para 206 no ano passado. Apenas neste ano, há cerca de outros 400 micro e pequenos empresários cadastrados no programa à espera de oportunidades para novas receitas. De acordo com a Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), o volume de negócios em 2010 chegou aos R$ 640 milhões. “Participamos, em média, de oito missões internacionais a cada ano, enquanto o Brasil recebe aproximadamente 11”, conta Miriam. As conversas em terra podem resultar em contratos de exportação, joint ventures a até participações acionárias sobre as operações em plataforma marítimas.

A próxima missão do ProInter será em Rotterdam, na Holanda, entre os dias 5 e 12 de novembro. A Onip, em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), também incentiva a inserção das MPMEs no mercado estrangeiro de petróleo e gás e os desafios se mostram animadores. “Temos tido bons resultados. Já atingimos um número interessante de participantes”, afirma Alfredo Renault, superintendente da organização.

Hoje são 150 micro e pequenas empresas inscritas no projeto Oil Brazil, crescimento de 123% ante o número de 67 em 2009. “Nosso foco é voltado ao mercado na América Latina, e vejo um interesse crescente (de brasileiros)”, observa ele, acrescentando a importância da cooperação da Petrobras e suas subsidiárias para oportunidades “sempre maiores” de MPMEs atuarem muito além da costa brasileira.

Para entrar no projeto, a Onip avalia a qualificação e o potencial exportador do micro e pequeno empresário nacional, a certificação de seus produtos, além da tradição de sua marca em um dos setores de mais alta tecnologia na economia brasileira. Segundo Renault, as boas oportunidades para comércio no exterior, com planejamento para 2012, deverão estar na Argentina, Peru, Colômbia, Qatar, Irã e Angola, devido às perspectivas de demanda “razoável” por produtos e grau de abertura ao mercado, avalia.

 

Financiamento

“Notamos que uma grande concentração de fornecedores tem origem nas MPMEs. E isso contribui para umcrescimento acelerado do setor”, diz Ricardo Cunha, chefe do departamento de Cadeia Produtiva de petróleo e gás do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O acesso ao crédito oferecido pelo banco de fomento é, por sua vez, determinante para a sustentabilidade desta expansão.

Um programa específico para o financiamento do setor foi lançado pelo BNDES em agosto, disponibilizando R$ 5 bilhões em crédito até 2015. A internacionalização no setor, aponta Cunha, deverá se intensificar no longo prazo também com a entrada de operadoras estrangeiras no mercado doméstico. “Esta, é nossa principal preocupação”, revela. Para Rogério de Souza, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), “não há dúvidas hoje de que o setor de petróleo e gás é o mais promissor no Brasil, e seu desenvolvimento tende a puxar o de outros”. ¦

 

DE OLHO NO MERCADO EXTERNO

Paulista Trexcom já ampliou faturamento em 66% e agora mira a Noruega

“O objetivo é fortalecer nossa visão do mercado internacional”. A observação é de Alexandre Garcia, diretor da paulista Trexcon, empresa especializada em produtos de automação e controle em engenharia, sobre o início de sua participação no Programa de Internacionalização da Cadeia Produtiva de Petróleo e Gás (Prointer), neste ano. “Tivemos conhecimento do programa por meio de empresas cariocas, que nos trouxeram informações bastante positivas”, diz. Com contrato de serviços já fechados com a Petrobras, a Trexcon resolveu procurar novos negócios com parceiros internacionais. Em missões aos Estados Unidos e Noruega, fez contatos com oito empresas de petróleo e gás que poderão “valer negócios” a partir de 2012,  acredita Garcia. “É um longo processo de conversas e aproximação. Nosso foco são as parcerias com estrangeiros que desejem atuar no Brasil via Trexcon”. Fundada em 1994, a empresa tem atualmente 80% de suas operações ligadas à produção de petróleo e gás. Para este ano, a expectativa de faturamento é de R$ 25 milhões, ante R$ 18 milhões em 2010. R.A.

 

INVESTIMENTOS

R$ 640 mi

foi o volume de negócios com MPMEs em 2010, segundo a Organização Nacional da Indústria do Petróleo.

 

FORNECEDORES

400

empresas estão cadastradas para participar do programa de fornecimento ao setor de petróleo e gás brasileiro.

 

CRÉDITO

R$ 5 bi

serão disponibilizados pelo BNDES dentro de programa específico para o segmento até o ano de 2015.

Fonte: Brasil Econômico

 

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