Dilma ganha o mundo

26/09/2011 16h46m

Foi um discurso histórico. Na manhã da quarta-feira 21, a voz de uma mulher ecoou pela primeira vez na abertura solene da Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova York. Chefes de governo do mundo todo pararam para ouvir – e aplaudir – as palavras de Dilma Vana Rousseff. Visivelmente emocionada, a presidente do Brasil subiu à mesma tribuna ocupada pioneiramente por Oswaldo Aranha em 1947, quando começou a tradição de o País abrir a cerimônia política mais importante da aldeia global. “É com humildade pessoal, mas com justificado orgulho de mulher, que vivo este momento histórico”, começou Dilma. “Divido esta emoção com mais da metade dos seres humanos deste planeta, que, como eu, nasceu mulher, e que, com tenacidade, estão ocupando o lugar que merecem no mundo. Tenho certeza, senhoras e senhores, de que este será o século das mulheres.” Embora esteja apenas em seu primeiro ano de mandato, a presidente já é reconhecida como uma das grandes vencedoras da atualidade.

A ofensiva da presidente por mais influência no cenário internacional ocorre num momento também histórico da economia mundial, em que o agravamento da situação nos países avançados aumenta o peso atribuído aos emergentes como os últimos sustentáculos do crescimento global. A nova previsão de crescimento do Fundo Monetário Internacional (FMI) para os países emergentes, de 6,4%, é o quádruplo do 1,6% previsto para os desenvolvidos. A 328 quilômetros da ONU, em Washington, o cenário pessimista dominou as discussões no encontro anual do FMI e do Banco Mundial. A letargia na economia americana e a crise europeia contribuíram para reduzir a previsão de crescimento global para este ano de 4,3% para 4%, bem abaixo dos 5% do ano passado. Para o ano que vem, a previsão também foi reduzida, de 4,5% para 4%. O risco de uma volta à recessão nos Estados Unidos e na Europa não está afastado, se a crise sair de controle. 

Como lembrou Dilma, a face mais amarga dessa situação é o desemprego, que atinge 205 milhões de pessoas no mundo, sendo 44 milhões na Europa e 14 milhões nos EUA. “É vital combater essa praga e impedir que se alastre para outras regiões do planeta”, afirmou a presidente brasileira. Difícil é atingir o consenso sobre o que fazer. A discordância entre os principais países sobre as políticas adequadas para sair da crise, do uso de recursos fiscais para estimular as economias à necessidade de recapitalizar os bancos, gerou repetidos pedidos de maior coordenação. A diretora-geral do FMI, a francesa Christine Lagarde, presidindo sua primeira reunião anual desde que assumiu o cargo, em junho, pediu a volta do ímpeto coletivo que se viu no G-20 (grupo das maiores economias avançadas e emergentes, do qual o Brasil faz parte) durante o auge da crise financeira de 2008. “Aquele foi um momento em que todos os líderes se uniram”, afirmou. “Espero que isso possa acontecer novamente.” 
 
O Fundo subiu o tom em alertas cada vez mais duros à Europa. Em meio a excruciantes negociações da Grécia com as autoridades europeias e com o Fundo para tentar evitar a bancarrota e o rebaixamento da nota de risco da Itália, o economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, criticou a lentidão na ação dos governos do continente. “Na zona do euro, os países estão um passo atrás dos mercados”, afirmou. O relatório de Estabilidade Financeira Global confirmou um impacto de E 300 bilhões nos bancos europeus, provocado pelo aumento do risco dos títulos soberanos e de outras instituições financeiras. Era nítida entre os dirigentes do Fundo a crescente tensão ao longo da semana, à medida que o humor dos mercados financeiros mundiais se deteriorava e beirava o pânico. O anúncio pelo Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, da “Operação Twist”, que pretende comprar US$ 400 bilhões em títulos de longo prazo até o ano que vem, em vez de acalmar os mercados, produziu o efeito oposto. 
 
Fonte: Isto é Dinheiro

 

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